Cap. 245
Retomando o planejamento, Augustus vai pensando em voz alta:
— Bombas, duas balas, madeira...
— Um bote. – lembra Tex.
Augustus agradece a lembrança e pergunta a Cobra Traiçoeira:
— O que tem do outro lado dessa montanha?
Cobra: — Provavelmente mais neve.
Augustus: — Você não sabe?
Cobra: — Ah! Claro, o índio deve conhecer tudo por aqui, afinal, ele é índio.
Augustus: — Certo, me desculpe. Você poderia ir olhar o que tem no outro lado?
Tex: — Não, ele não pode.
Augustus: — Precisamos saber nossas alternativas.
Tex: — Ninguém sai da minha vista.
Augustus pondera e propõe: — Então vamos os quatro.
Os outros três confinados olham espantados e o delegado prossegue:
— Dentro ou fora da cabana não muda nossa situação no tocante aos Windigos. Se quisessem, já teriam subido aqui e invadido.
Como não há contestações, o delegado pega a corda e o balde, abre a porta e convida: — Vamos?
Tex: — Para que o balde e a corda?
Augustus: — O balde é para pegarmos neve para derreter e a corda, é para o caso de haver algum buraco encoberto pela neve.
Os quatro saem e, fora Augustus, que sobe à frente, os demais não conseguem dar dois passos sem olhar para trás. É como se a neve tivesse olhos voltados para eles.
Após alguns passos, Augustus amarra a alça do balde e coloca neve e algumas pedras dentro dele.
Percebendo a interrogação nos olhares dos demais, o delegado justifica:
— Está muito escorregadio aqui, com toda essa neve mole e lama, então, será bom ter uma âncora caso eu escorregue. Não quero ir parar nas bocas de nossos observadores.
Seja por entenderem, concordarem ou apenas acharem que não valesse a pena prolongar o assunto – e a estadia no frio fora da cabana – ninguém faz qualquer comentário e o grupo continua sua subida.
Entre uma derrapada e outra, chegam até o topo e tudo o que conseguem ver em volta são nuvens escuras e chão branco. A parte verde da floresta pela qual vieram, na verdade, amarelada com a proximidade do inverno, já está além do alcance da visão.
Percebendo a inutilidade da escalada, Tex decreta: — Obrigado pelo passeio, delegado. Agora vamos voltar antes que...